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Mostrando postagens de 2020

À DESCOBERTA DO AMOR - Mahatma Gandhi

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Ensaia um sorriso e oferece-o a quem não teve nenhum. Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite. Descobre uma nascente e nela limpa quem vive na lama. Toma uma lágrima e pousa-a em quem nunca chorou. Ganha coragem e dá-a a quem não sabe lutar. Inventa a vida e conta-a a quem nada compreende. Enche-te de esperança e vive á sua luz. Enriquece-te de bondade e oferece-a a quem não sabe dar. Vive com amor e fá-lo conhecer ao Mundo. Mahatma Gandhi

O QUE A MEMÓRIA AMA, FICA ETERNO - Adélia Prado

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Quando eu era pequena, não entendia o choro solto da minha mãe ao assistir a um filme, ouvir uma música ou ler um livro. O que eu não sabia é que minha mãe não chorava pelas coisas visíveis. Ela chorava pela eternidade que vivia dentro dela e que eu, na minha meninice, era incapaz de compreender.  O tempo passou e hoje me emociono diante das mesmas coisas, tocada por pequenos milagres do cotidiano. É que a memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos. Crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um filme; uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade.  Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a memória, ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis. Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem. Quanto mais vivemos, mais

Procura - Paulo Leminski

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"Achar a porta que esqueceram de fechar. O beco com saída. A porta sem chave. A vida." Paulo Leminski

PROCURANDO O TOM - Lya Luft

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...  O que escrevo nasce de meu próprio amadurecimento, um trajeto de altos e baixos, pontos luminosos e zonas de sombra. Nesse curso entendi que a vida não tece apenas uma teia de perdas mas nos proporciona uma sucessão de ganhos. O equilíbrio da balança depende muito do que soubermos e quisermos enxergar. Encontro um amigo, pianista consagrado, e conto que estou começando um livro, mas como sempre no início de um novo trabalho ainda estou buscando “o tom” certo. Ele acha graça, então escritor procura o tom? Rimos, porque acabamos descobrindo que os dois buscamos a mesma coisa: encontrar o nosso tom. O da nossa linguagem, da nossa arte, e – isso vale para qualquer pessoa – o tom da nossa vida. imagem Mahua Sarkar   Em que tom a queremos viver?  (Não perguntei como somos condenados a viver). Em meios-tons melancólicos, em tons mais claros, com pressa e superficialidade, ou alternando alegria e prazer com momentos profundos e reflexivos. Apenas correndo pela superfície ou de vez em quan

SAUDADES... O QUE FOR - Adélia Prado

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Uma ocasião, meu pai pintou a casa toda de alaranjado brilhante. Por muito tempo moramos numa casa, como ele mesmo dizia, constantemente amanhecendo.

TOMO CONTA DO MUNDO - Clarice Lispector

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Sou uma pessoa muito ocupada: tomo conta do mundo. Todos os dias olho pelo terraço para o pedaço de praia com mar, e vejo às vezes que as espumas parecem mais brancas e que às vezes durante a noite as águas avançaram inquietas, vejo isso pela marca que as ondas deixaram na areia. Olho as amendoeiras de minha rua. Presto atenção se o céu de noite, antes de eu dormir e tomar conta do mundo em forma de sonho, se o céu de noite está estrelado e azul-marinho, porque em certas noites em vez de negro parece azul-marinho. O cosmos me dá muito trabalho, sobretudo porque vejo que Deus é o cosmos. Disso eu tomo conta com alguma relutância. Dah Observo o menino de uns dez anos, vestido de trapos e macérrimo. Terá futura tuberculose, se é que já não a tem. No Jardim Botânico, então, eu fico exaurida, tenho que tomar conta com o olhar das mil plantas e árvores, e sobretudo das vitórias-régias. Que se repare que não menciono nenhuma vez as minhas impressões emotivas: lucidamente apenas falo de alguma

OS OLHOS SÃO CEGOS… - Antoine Saint Exupéry

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OS OLHOS SÃO CEGOS. É PRECISO BUSCAR COM O CORAÇÃO.  by pixabay

Todo dia mais... (autor desconhecido)

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Chegou ao meio da vida e sentou-se para tomar um pouco de ar. Não sabia explicar. Não era cansaço, nem estava perdida.  Notou-se inteira pela primeira vez em todos esses anos. Parou ali, entre os dois lados da estrada e ficou observando as margens da sua história, a estrada da vida ficando fininha, calando-se de tão longe que ia. Estava em paz observando a menina que foi graciosa, cheia de vida. Estava olhando para si mesma e nem notou. Ali, naquele instante estava recebendo um presente. Desembrulhava silenciosamente a sabedoria que tanto pediu para ter mais. Quando a mulher chega à metade da estrada da vida, começa lentamente a ralentar o passo. Já notou como tem gente que adora conturbar a própria rotina, alimentar o próprio caos?  Ela não.  Não mais. Deixa que passem, deixa que corram, a vida é curta demais para acelerar qualquer coisa. Ela quer sentir tudo com as pontas dos dedos, ela quer notar o que não viu da primeira vez.  Senhora do seu próprio tempo. Percebeu, à metade da vid

EM TEMPOS DIFÍCEIS ... - Elena Mikhalkova

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"Minha avó uma vez me deu uma dica:  Em tempos difíceis, você avança em pequenos passos.  Faça o que você tem que fazer, mas pouco a pouco.  Não pense no futuro ou no que pode acontecer amanhã.  Lave os pratos. Tire o pó.  Escreva uma carta.  Faça uma sopa.  Entende?  Você está avançando passo a passo.  Dê um passo e pare.  Descanse um pouco.  Elogie-se. Dê outro passo.  Então outro.  Você não notará, mas seus passos crescerão cada vez mais.  E chegará o momento em que você poderá pensar no futuro sem chorar." - Elena Mikhalkova Imagem Tasha Tudor 

A BOLSA ou a VIDA?? - Contardo Calligaris

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A BOLSA OU A VIDA? 15 15+00:00 maio 15+00:00 2020 Ccntardo Calligaris Psicanalista, na FSP de 14.05.2020 Há quem ache que, diante da pandemia, deveríamos sacrificar vidas A bolsa ou a vida? Anos atrás, o psicanalista francês Jacques Lacan se serviu dessa alternativa para explicar o que é uma escolha forçada —que, de fato, nem sequer é uma escolha. Eis por quê: se eu escolher ficar com a bolsa, não perderei só a vida, mas também a própria bolsa pela qual me sacrifiquei, pois nenhum ladrão vai ser burro a ponto de deixar a bolsa com o meu cadáver. Então, quem escolhe a bolsa perde a vida e também a bolsa. Conclusão: só resta escolher a vida e entregar a bolsa. No Brasil, por causa de um gosto antigo pela violência (que talvez tenha penetrado a cultura nacional junto da prática da escravatura), o bandido, às vezes, recebe a bolsa e ainda assim nos dá um tiro de despedida. De qualquer forma, entregando a bolsa, temos ao menos uma chance de ficar com a vida —embora, é claro, uma vida sem a

PRESENÇA - Mário Quintana

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Picture by Stocksnap - Pixabay É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos… É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, a trevo machucado,as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo… Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu sentir como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida… Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca te pareces com o teu retrato… E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te. Mario Quintana

POBRES DOS NOSSOS RICOS - Mia Couto

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A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro» dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos “ricos”. Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem. O maior sonho dos nosso

O SIMPLES - Martha Medeiros

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"Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade." Martha Medeiros -  Crônica "Felicidade Realista", 2003.

CONHECIMENTO PRÁTICO - Carl Yung

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"Não se deve adquirir o conhecimento como se adquire uma coisa que ocupe momentaneamente um lugar em nossa memória. Um conhecimento não é nada se ele não se transforma em algo que nos modifique. Assim, ao contrário do que se crê, o conhecimento nunca é senão um meio, não um objetivo; e o objetivo é descobrir por meio dele uma das potências de nossa vida secreta." O Erro de Narciso - Louis Lavelle By Carl Jung Sincero

ESCUTATÓRIA - Rubem Alves

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"Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não sã